Dolores Piño falta à audiência sobre mudanças viárias

Convocada a requerimento da vereadora Vera Saba (PMB), a secretária de Mobilidade Urbana, Dolores Pino “Lola”, não compareceu à Câmara de Taubaté no dia 30. Ofício assinado pelo secretário de Governo, Eduardo Cursino, justificou a ausência com atestado médico, alegando problemas de saúde.

Analistas classificaram como “descalabro” as mudanças viárias nos bairros Belém e Campos Elíseos, promovidas pela Secretaria, que foram tema do requerimento de convocação. Vera Saba afirmou que uma nova data será agendada com a secretária, em horário noturno. Caso a secretária não compareça à nova convocação, Vera disse que irá tomar medidas jurídicas possíveis.

“O que temos diante deste documento é a falta de responsabilidade e de compromisso do Executivo. No mínimo, o respeito que a população merece é que o prefeito tivesse encaminhado para discussão um diretor ou gerente de Mobilidade, são servidores com capacidade técnica para escutar a população.”

A vereadora acrescentou que o trânsito, em condições seguras, é direito do cidadão e dever dos órgãos relacionados.  “É necessário que seja discutido o assunto em uma perspectiva mais ampla, ou seja, o Plano de Mobilidade Urbana, integrado ao Plano Diretor. As alterações viárias devem respeitar o Estatuto da Cidade, que prevê ampla discussão social, análise de impactos econômicos e sociais”, disse Vera.

Especialista em mobilidade urbana, Luiz Carlos Machado criticou as três faixas horizontais criadas no encontro entre a avenida Dom Pedro e a rodovia Oswaldo Cruz. Ele explicou que é necessária distância mínima de 120 metros para transposição de veículos, e ali há 45 metros, medida insuficiente para segurança.

Além disso, ele contestou a conversão à esquerda após o túnel do Campos Elíseos, uma curva negativa, que obriga ônibus e caminhões a invadir a segunda pista. “É um descalabro. Fica difícil comentar as interferências que os técnicos estão fazendo, a meu ver, são muito ruins.”

Luiz Carlos acrescentou que há de se elogiar o semáforo na avenida Juscelino Kubitscheck – sinal que viabilizou o acesso ao viaduto, e defendeu a demolição do restaurante Habib’s, para abertura da avenida Bandeirantes.

O professor Jefferson Cabral disse que a combinação de três critérios – engenharia, educação e fiscalização – garantiria a fluidez de pedestres e veículos. “Taubaté, há um bom tempo, está pecando nos três quesitos. Parece que as coisas são feitas na necessidade, sem planejamento prévio. Tenho certeza de que a secretária tem capacidade, mas poderia fazer muito mais, com menos recursos e tempo, se ouvisse outras pessoas.”

Cabral disse que falta fiscalização e defendeu melhores condições para os agentes de trânsito. “Os agentes carecem de formação continuada, alguns não têm apoio, não vejo ninguém usando apito. Hoje, o pedido principal para o Sindicato dos Agentes de Trânsito é trabalhar armado, porque o trânsito é uma verdadeira guerra, mas é uma discussão longa.”

João Vidal (PSB) lamentou que as reclamações acerca do trânsito sejam constantes, embora a participação popular na audiência não tenha sido tão representativa. Ele afirmou que “houve erros na condução da política de trânsito da cidade”, mas pontuou que “houve mais acertos que erros”. “O trânsito, em Taubaté, ficou mais seguro.”

Vidal disse que buscou “entender a lógica das mudanças” e citou o exemplo do cruzamento entre a rua Bahia e a avenida Francisco Barreto Leme. “Para mim, parecia que a coisa fluía muito bem, os carros não paravam no semáforo, mas a secretária colocou a lógica de se privilegiar o pedestre. Os carros iam para qualquer lado, mas os pedestres não tinham como atravessar. Por mais que seja polêmica a discussão, tenho que trazer outro ponto de vista.”

Munícipes fizeram uso da tribuna e apresentaram questionamentos via redes sociais à vereadora Vera Saba. Fabiana Paschoal contestou a mudança no túnel do Campos Elíseos, dizendo que prejudicou o comércio do bairro, assim como Juliana Quintela, que relatou acidentes diários no local.

Silvia Faria disse que escolas do Bosque da Saúde estão perdendo alunos, pois os pais foram prejudicados com o desvio. Ezio Lanfranchi disse que a mesma insatisfação foi sentida há dois anos, quando ocorreu a mudança no bairro Independência.

Bruno Fernandes reclamou do trajeto de ônibus no Quinta das Frutas. Sargento Martins reivindicou a duplicação dos viadutos e túneis, e Joaquina de Oliveira avaliou os efeitos ruins do trânsito para o pedestre.

Ao final, Vera Saba pediu que a comissão de moradores formalize os reclamos para que encaminhe via requerimento à Prefeitura e, na falta de atitude desta, ao Ministério Público. Registrou repúdio ao Poder Executivo, por se “omitir de participar de um momento importante”.