Chefe da Polícia Civil no Vale do Paraíba descarta latrocínio no caso do advogado morto em Taubaté

A Polícia Civil do Vale do Paraíba descartou a hipótese de latrocínio — roubo seguido de morte — no caso do assassinato de Leonardo Bonafé, advogado criminalista de 25 anos e filho de Flávio Bonafé (MDB), candidato a prefeito de São Luiz do Paraitinga. O crime, que chocou a comunidade local, ocorreu na manhã desta quarta-feira, 28, em Taubaté. Até o momento, ninguém foi preso.

Em uma entrevista coletiva realizada no Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), o delegado Múcio Mattos, diretor do Deinter 1, responsável pela Polícia Civil na região, afirmou que o objetivo do crime não era roubar bens, mas sim tirar a vida de um jovem advogado com uma carreira promissora. "Uma coisa é certa: não foi um latrocínio. Quem praticou essa conduta hedionda não tinha como objetivo o patrimônio", declarou Mattos.

Principais linhas de investigação

O delegado explicou que a investigação trabalha com diversas hipóteses para a motivação do crime, destacando duas linhas principais: a profissão de Leonardo como advogado criminalista e sua ligação familiar com Flávio Bonafé, candidato nas eleições municipais deste ano. "Latrocínio não foi. Mas pode ser passional. Pode ser muita coisa. Qualquer coisa que se diga nesse momento é prematuro", acrescentou Mattos.

O delegado enfatizou que a investigação está em sua fase inicial e que todas as possibilidades estão sendo consideradas.

"Estamos livres para pensar. A investigação tem 360°, vai para todos os lados. É claro que o caminho que é mais provável se intensifica para não perdermos tempo", explicou.

A equipe de investigação pretende conversar o quanto antes com Flávio Bonafé para avaliar se o crime pode ter sido motivado por razões políticas.

Diligências e provas coletadas

A Polícia Civil já iniciou as diligências para avançar na investigação e está aguardando os laudos periciais e necroscópicos para obter mais informações sobre o crime. A Secretaria de Segurança Pública determinou prioridade máxima na investigação, especialmente considerando o fato de o pai da vítima ser um candidato a prefeito.

Segundo o delegado Múcio Mattos, os criminosos tinham conhecimento sobre o local e horário de trabalho de Leonardo Bonafé, o que sugere um crime premeditado. Não foram encontrados cartuchos de munição no local, o que indica que a arma utilizada não era automática ou semiautomática, ou que houve cuidado em não deixar vestígios.

O delegado Vinícius Garcia Vieira, titular do setor de homicídios em Taubaté, também participou da coletiva de imprensa e informou que o celular de Leonardo Bonafé foi apreendido. "O celular da vítima foi apreendido para nortear a nossa investigação. Vamos saber pelo celular se ele estava sofrendo alguma ameaça ou se relatou com as pessoas do seu meio social que estaria com medo de alguma coisa", disse Vieira.

O crime

Leonardo Bonafé foi morto a tiros por volta das 10h10 da manhã, na rua Newton de Vasconcellos, no bairro Parque Três Marias, em Taubaté. Segundo a Polícia Civil, ele estava chegando de carro ao trabalho quando foi atingido por pelo menos três disparos e morreu no local. 

O veículo utilizado pelos criminosos foi encontrado queimado na estrada do Sete Voltas, na Zona Rural da cidade.

O velório de Leonardo está acontecendo na Capela das Mercês, em São Luiz do Paraitinga, com o enterro marcado para esta quinta-feira, 29 de agosto, às 11h, no cemitério da cidade. 

Em nota, a assessoria de imprensa de Flávio Bonafé lamentou a morte trágica de seu filho, descrevendo-o como um jovem cujos sonhos foram interrompidos por um "crime bárbaro ainda sem respostas".