DIA DOS NAMORADOS Especial

“Eternos namorados” contam segredo para relações duradouras

Casais de diferentes gerações revelam no Dia dos Namorados desafios e realizações após décadas de união


Em 12/06/2019 15:34 por Mário Pereira



A chamada “revolução tecnológica” traz para os tempos atuais facilidades, como a instantaneidade na busca por soluções e a agilidade na comunicação. Mesmo com essas desenvolturas, a modernidade também apresenta relacionamentos superficiais, que Zygmunt Bauman chamou de “Amor Líquido”, em livro que fala sobre a fragilidade dos laços humanos.

Pensando nessas questões e no Dia dos Namorados, fomos atrás de casais que superaram as mudanças temporais e permanecem juntos após anos de superação, companheirismo e claro, de muito amor.

Na casa do seu João Bosco e da dona Eliana, as fotos e recordações de um casamento realizado no ano de 1980 são apenas alguns dos itens que contam a história que começou com uma rosa jogada pela janela.

“A gente se comunicava por telefone e carta. Por sinal ainda tenho uma caixa que guardo todos os bilhetes e cartas que ele me deu, fotos e até uma flor. Antes de começarmos a namorar ele jogou pela janela do banheiro da Casa do Menor”, disse a aposentada.

“Joguei a rosa pela janela porque fiquei preocupado com a reação. Porque já tinha pedido em namoro e ela não tinha aceitado, vai que pesou de novo e não aceita”, revelou João Bosco.

Pais de três filhos e avós de três netos, eles revelaram como celebram o Dia dos Namorados e qual a importância que veem em datas como essa.

“Geralmente a gente dá algum presente ou um mimo. Nunca deixamos nenhuma data sem comemorar, além do dia dos namorados, tem o dia que a gente casou e o noivado. A importância é porque acaba sempre renovando aquela amizade que virou amor, paixão”, contou o marido de Eliana.

Já os paulistanos André e Iev iniciaram o namoro após uma intensa relação de amizade nos anos 1980. Morando a uma hora e meia de distância em São Paulo, eles utilizavam meios comuns da época para manterem contato.

“Ainda tenho uma caixinha de cartinhas e bilhetinhos. A gente também trocava telefonemas, por incrível que pareça era uma época que a linha telefônica era cara, mas ia no orelhão da esquina e dava para ouvir as fichas caindo. A ligação só dava três minutos de conversa, então, você colocava duas ou três fichas para você poder ficar conversando. Mas sobrevivemos bem ao orelhão e cartas”, relembra Iev.

“Uma vez ele escreveu uma cartinha e colocou ‘viver pode ser tão frio como na hora da morte, o melhor lugar é aqui e agora’. Pensei: ‘O que esse homem está falando?’. Depois que fui ver que é uma música do Gilberto Gil, mas eu não conhecia e fiquei achando muito estranho. Até descobri que era uma letra e hoje quinado a gente ouve tem um significado icônico”, afirma a publicitária.

Os pais de Natali e Aniê lembraram de como foi, ou não, o primeiro dia dos namorados entre eles.

“Ele esqueceu o primeiro dia dos namorados. Eu fiquei o dia inteiro esperando que ele fosse aparecer com alguma surpresa, as horas iam passando e pensei que a surpresa ia ser boa e ele está disfarçando bem. Ele chegou em casa e fiquei pensando onde será que está escondido esse presente e ele foi embora. Não acredito, ele esqueceu e depois no telefone foi aquela briga e no dia 13 ele veio com o presente, mas já não era a mesma coisa. O interessante é que de lá para cá ele nunca mais esqueceu e até hoje vem com presente pra mim e para as filhas”, finaliza.

Se a história de Iev e André começou após uma amizade, a de seu Joaquim e de dona Alzenir teve um princípio curioso.

“Ela era muito simplesinha e pediu pão para mãe dela. Eu falei que tinha dinheiro e levei para ela, mas ela não quis. Dai falei que se ela não comece o pão aí tchau [faz gesto de término com as mãos]. Foi isso aí, essa coisa infantil. Passamos um ano separados, depois voltamos a namorar, depois de uns sete meses pedi em casamento e ela aceitou”, disse Joaquim.

Juntos há 51 anos, eles superaram as dificuldades na Paraíba, e a perda de três filhos. Hoje, morando em Taubaté, a família conta além de seis filhos, com 17 netos e dois bisnetos.

O casal descreveu como mantinham contato nos primeiros anos de namoro, ainda na cidade de Cajazeiras.

“Eu ia pessoalmente falar: ‘Você quer namorar comigo? Porque se você quiser fala sim e se não quiser vai ter que falar diretamente para mim. Ela tinha uma amiga que levava e trazia os recados. Não tinha comunicação nenhuma, só verbalmente ou bilhetinho. O bilhete dela era mais na pedra, quando eu estava passando ela jogava com um bilhetinho amarrado.”

No Dia dos Namorados, os três casais resumiram em palavras como cumplicidade, companheirismo e paciência como dicas para manter relações duradouras nos tempos atuais.

“Você sabe o lema dos alcoólicos anônimos? Só por hoje! Por hoje a gente vai tentar se dar bem. É aquele chavão, o ontem já foi, o amanhã você não sabe, então o que a gente vai fazer para ser feliz?”, afirma Iev. “Chegar a um consenso, essa é a questão”, define André, que é emendado pela esposa: “Tem coisas que o André ainda não entende, você acredita nisso?”. Rindo, ele finaliza: “Eu não sei o que eu não entendo”.

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