
Japoneses limpam estádio brasileiro – Direito e Cultura
Direito em foco
Em 16/06/2014 00:00 por Kenji Taniguchi
Neste sábado (14/06/2014), após ser derrotada pela Costa do Marfim por 2 x 1, a seleção do Japão deu o seu recado: o seu décimo segundo jogador, isto é, seus torcedores, iniciaram uma jornada de limpeza do estádio que deixou os brasileiros incomodados, senão envergonhados.
Contarei a você, caro leitor, um pouco de minha história e fatos que vivenciei naquele país. Em minha breve passagem pelo país que me acolheu como 'dekassegui', trabalhador brasileiro operário, presenciei as diferenças culturais, sobretudo na responsabilidade social. Enquanto aqui criamos leis para os empregados domésticos, lá praticamente inexistem pois todos fazem a faxina e manutenção da própria casa. Não há varredores de rua como no Brasil pois cada um varre e cuida de seu espaço e do espaço coletivo.
Outra diferença cultural também está nas empresas que aplicam a famosa técnica administrativa conhecida como '5S'. Esta técnica inventada pelos japoneses tem a limpeza, a responsabilidade e a disciplina como pilares fundamentais, os mesmos que erigiram a sociedade japonesa após a Segunda Guerra.
Lá a norma de qualidade ISO 9000 é levada a sério. Cinco minutos antes de começarmos a trabalhar, em reunião rápida com todos presentes e após orientação sobre as tarefas, declamávamos o lema da empresa que, novamente repetia o compromisso social, a busca da qualidade e satisfação do cliente. É irônico que o Brasil foi um dos principais criadores da norma ISO 9000 por meio do seu comitê de qualidade CB-25. Somos ótimos para criar leis, só falta segui-las.
Todos os dias, um sinal tocava e a fábrica parava por exatos 15 minutos. Era o intervalo da limpeza. Interessante ver o diretor e o gerente-geral pegando vassouras e recolhendo lixo. Neste momento não havia hierarquia e todos realizávamos o mesmo serviço de limpeza. A troca de turno também deveria ser impecável e a entrega do local de trabalho sempre era em perfeita limpeza como respeito ao próximo que viria a nos substituir.
Morávamos, eu e meus irmãos, em um condomínio de poucos apartamentos e quando víamos uma vassoura e pá em frente à porta já sabíamos que era a vez de limparmos a área de depósito do lixo coletivo e área comum. Depois da limpeza, pegávamos a mesma pá e vassoura e colocávamos na frente da porta de outro apartamento. E assim todos mantinham o condomínio limpo e organizado.
Fiquei impressionado também que todos os carros possuem um lixo e caixas de lenços de papel para limpeza. Também havia comercial do governo alertando que a cidade não é lixo pois foi constatada na época que alguns japoneses começavam a jogar seu lixo na rua, um absurdo!
Sabe aquela festa na qual os convidados vão embora antes do término só para não ajudar na limpeza? Então, lá as pessoas terminam a festa no horário estipulado e todos ajudam na limpeza e organização de forma natural.
O Direito reflete a cultura de seu povo. Assim, não é de se estranhar a falta de limpeza na política brasileira. Se quer uma sociedade melhor, comece a mudar o indivíduo fazendo cada um a sua parte.
Levar um saco para guardar o seu próprio lixo e o que encontrar em sua volta é normal para a sociedade japonesa e reflete o respeito ao próximo. O que era para ser considerado normal virou manchete no Brasil.
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