Por que surgiu o feriado 12 de outubro? Entenda a importância do Dia de Nossa Senhora Aparecida

No Brasil, 12 de outubro é marcado por duas celebrações: o feriado nacional de Nossa Senhora Aparecida e o Dia das Crianças. O que muitos não sabem é que essa coincidência é apenas isso — uma coincidência. O feriado oficial é dedicado à Santa Padroeira do Brasil, enquanto o Dia das Crianças é uma data comemorativa, mas não um feriado.

O Dia das Crianças foi oficializado em 1924 pelo presidente Arthur Bernardes, após o Congresso Sul-Americano da Criança, que ocorreu no Rio de Janeiro naquele ano. O evento reuniu especialistas em infância para discutir questões como educação e desenvolvimento infantil.

A data, então chamada de "dia de festa da criança", foi instituída por decreto presidencial, mas sem ser feriado. A comemoração, no entanto, só ganhou força na década de 1960, impulsionada pelo comércio, de forma semelhante a datas como Dia das Mães e Dia dos Pais, que têm um apelo comercial, mas não são feriados.

Já Nossa Senhora Aparecida foi definida como Padroeira do Brasil em 1930 pelo Papa Pio XI, e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) determinou que o dia 12 de outubro seria dedicado à Santa.

A escolha da data se deve ao fato de que, em 1717, três pescadores encontraram a imagem de Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba do Sul. O feriado nacional, contudo, só foi instituído em 1980, durante a visita do Papa João Paulo II ao Santuário de Aparecida. O presidente da época, general João Batista Figueiredo, sancionou a lei que oficializou o dia como feriado, em um contexto de ditadura militar.

Embora as duas comemorações coincidam na data, não há ligação direta entre elas. O feriado é de origem católica, enquanto o Dia das Crianças, inicialmente instituído por razões de proteção e celebração da infância, tomou um caráter mais comercial.

O padre Leandro dos Santos, pároco da Paróquia Nossa Senhora d'Ajuda, em Caçapava (SP), confirma essa coincidência e destaca que o feriado é dedicado à Nossa Senhora Aparecida. “Todos os países têm uma padroeira, um título dado à Nossa Senhora. Ela é a mesma, Maria, mãe de Jesus, mas recebe muitos títulos a partir dos locais onde aparece. Maria está sempre presente na história dos povos, das nações”, disse.

Para o padre, Nossa Senhora Aparecida representa um exemplo de fidelidade a Deus, algo que inspira muitos fiéis. “A mãe de Jesus nos ensina a viver um caminho de santidade. Os milhares de peregrinos são uma prova desse amor, de quantas pessoas que vão mais para agradecer do que pedir. O povo brasileiro é muito devoto e reconhece essa presença materna em suas vidas”, completou.

Embora não exista uma relação oficial entre as duas datas, o padre destacou o simbolismo do Dia das Crianças ser celebrado junto ao dia da mãe de Jesus e alertou sobre o risco de a celebração se resumir ao consumo de presentes. 

“Nossa Senhora Aparecida tem uma predileção pelas crianças, assim como tinha Jesus. A criança tem a inocência, o coração puro e é a essência do amor. Nossa Senhora nos ensina isso”, disse.

O padre também ressaltou a necessidade de os valores do Dia das Crianças irem além do apelo comercial. 

“É importante que esses dias comemorativos, como o Dia das Crianças, não se tornem apenas datas comerciais. Mais do que um dia para a criança, todo dia elas merecem cuidado, carinho e afeto para terem uma formação sólida, intelectual e humana”, ponderou.