
Pesquisadores da UNITAU e INPE investigam emissão de Gases de Efeito Estufa na região
Estudo visa sensibilizar a população e orientar políticas públicas para planejamento urbano e reflorestamento.
Em 29/08/2024 15:00 por Redação Guia Taubaté

Com o objetivo de sensibilizar a população e apoiar a criação de políticas públicas voltadas para um planejamento urbano mais sustentável e ações de reflorestamento em áreas de vegetação nativa degradadas, professores do Mestrado em Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté (UNITAU) e pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com o auxílio de alunos bolsistas de iniciação científica da UNITAU e da Unesp São José dos Campos, iniciaram um estudo na última semana no Departamento de Ciências Agrárias da UNITAU.
A pesquisa irá analisar e comparar as emissões de gases de efeito estufa— como gás carbônico, metano e óxido nitroso — em diferentes áreas da Mata Atlântica, incluindo o Vale do Paraíba, o Litoral Norte e a Serra da Mantiqueira. O estudo também abrange diferentes tipos de uso e ocupação do solo, como plantações, pastagens e áreas de vegetação nativa.
O experimento, que já foi conduzido pela UNITAU e pelo INPE em outros biomas brasileiros, consiste na instalação de anéis e câmaras de PVC nas áreas estudadas. Os gases emitidos pelo solo são coletados usando seringas e frascos específicos e posteriormente analisados por cromatografia gasosa, uma técnica utilizada para separar e examinar misturas químicas.
"O solo emite gases de efeito estufa devido à atividade de micro-organismos presentes no ambiente. Esses micro-organismos, ao respirarem e se alimentarem, são ativados por condições como umidade, calor e radiação solar. Nessas condições, a matéria orgânica é decomposta, resultando na produção e liberação desses gases", explica o Prof. Dr. Willian José Ferreira, docente do Mestrado em Ciências Ambientais da UNITAU e pesquisador do INPE.
Dinâmica dos Gases de Efeito Estufa no Solo
A emissão de gases de efeito estufa pelo solo varia ao longo do ano, influenciada por fatores como radiação solar, temperatura e regime hídrico. Em áreas de vegetação nativa, apesar de serem mais frescas, a alta umidade e a preservação dos micro-organismos podem intensificar a emissão de gases.
No entanto, o Prof. Dr. Ferreira ressalta que a cobertura vegetal tem a capacidade de autorregular o ambiente, absorvendo os gases gerados no solo. Em contraste, áreas desmatadas para cultivo agrícola ou pastagem perdem essa capacidade de autorregulação, o que pode agravar o aquecimento global e o efeito estufa.
"Embora áreas florestais possam emitir mais gases devido à intensa atividade microbiana, elas tendem a sequestrar mais carbono em comparação com áreas desmatadas ou agrícolas, onde a capacidade de sequestro é significativamente menor. É importante notar que não estamos medindo a emissão total de gases de efeito estufa do sistema, mas sim a liberação do solo. Se a área possui vegetação capaz de absorver esses gases, é isso que importa para nós. Chamamos isso de inventário de gases de efeito estufa. O problema é que essa autorregulação não ocorre em áreas de pastagem ou agricultura", detalha o pesquisador.
Expansão do estudo para outras regiões
A pesquisa, iniciada na região metropolitana do Vale do Paraíba na última semana, já foi realizada em outros biomas como o Cerrado e a Caatinga, onde a expansão agropecuária tem substituído florestas por outros usos do solo. O estudo atual busca avaliar se a Mata Atlântica está perdendo sua capacidade de resiliência e autorregulação devido à expansão urbana, comercial e industrial.
"Na nossa região, estamos investigando se a Mata Atlântica está perdendo a capacidade de resiliência e autorregulação, com a expansão urbana, comercial e industrial avançando sobre áreas antes ocupadas por vegetação nativa", destaca o professor.
Os pesquisadores esperam que os dados obtidos revelem o impacto das mudanças no uso e ocupação do solo, ajudando a sensibilizar a população e apoiar o poder público no planejamento urbano. Além disso, o estudo pretende contribuir para a formulação de políticas que promovam a conservação da vegetação nativa.
Próximos passos da Pesquisa
A primeira etapa do estudo, realizada no Departamento de Ciências Agrárias da UNITAU, tem como objetivo validar a metodologia de coleta de dados aplicada em outras regiões do Brasil, agora adaptada ao Vale do Paraíba.
Após a análise dos dados iniciais e a validação da metodologia, o projeto será expandido para o Litoral Norte e a Serra da Mantiqueira, possibilitando a criação de um comparativo sobre as emissões de gases de efeito estufa nas diferentes regiões e em variados tipos de uso do solo.
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