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“Eu não acordo às 11horas, Joaquim Barbosa!”

Direito em foco


Em 21/05/2013 00:00 por Kenji Taniguchi



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Semana passada (14/05), surpreendeu-me o Excelentíssimo Presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, quando afirmou que “a maioria dos advogados acorda lá pelas 11 horas da manhã”. Esta afirmação foi feita pelo ministro na defesa do “novo horário de funcionamento” do Tribunal de Justiça de São Paulo. O Tribunal abre às 9 horas e o atendimento agora só pode ser realizado após as 11 horas.

Afirmação em tom de brincadeira ou não, demonstra que uma das pessoas mais influentes do mundo em 2013, segundo a revista “Time”, também tem o seu lado preconceituoso. Ou sou uma exceção à regra ou todos os meus colegas advogados também são exceções. Não conheço advogados que acordam “lá pelas 11 horas” conforme satiriza o ministro. Trabalhamos duro para defender as injustiças e queremos mais tempo para sermos atendidos.

De origem humilde e com enorme aprovação pública após atuação no caso do mensalão, o ministro perdeu uma boa oportunidade de ficar quieto. Como também presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), deveria buscar a melhoria do Judiciário na busca da Justiça e não reduzir o acesso a ela.

Sei que muitos que estão lendo esta coluna não gostam de advogados, mas quando sofrem injustiças logo saem à procura de um “bom advogado” para defendê-los.

Sabemos que, como em qualquer área, há bons e péssimos profissionais. Sem um bom advogado não há como se buscar seu direito. Exemplos não faltam, seja a criança desamparada pelo pai que busca seus alimentos, uma agressão, uma discriminação, uma ofensa física ou moral, até os casos como do trabalho escravo ou forçado. Se você sofreu uma injustiça, recomendo, consulte um advogado.

Podem existir advogados que acordam tarde, mas eu desconheço. Mês passado fui ao Tribunal de Justiça de São Paulo para uma audiência de conciliação marcada para às 11 horas. Para tanto, acordei às 6 horas e enfrentei a Dutra de Taubaté até São Paulo. Muito trânsito lento até a rodoviária do Tietê, onde peguei um metrô até a Sé. Descobri que a minha cliente já havia entrado. Como isto foi possível? Bem, as audiências são marcadas a partir das 10 horas e bastou ela alegar que a audiência iria ocorrer dentro de alguns minutos. Resumindo, não há motivo plausível para restringir o acesso somente após às 11 horas.

Ministro Joaquim Barbosa, ao negar o atendimento aos advogados e afirmando que dormimos demais, demonstrou que realmente desconhece nossa realidade. Assim, recomendo pensar um pouco mais antes de ser tão preconceituoso.

Espero que não ocupe o Planalto, mas se um dia isto ocorrer, seja mais humilde. Na maioria dos casos não temos salários fixos e não temos estabilidade de emprego como o senhor. A advocacia é vocação, acordamos cedo e sofremos, todos os dias, para a busca do verdadeiro Estado de Direito.

 

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