Sérgio Victor (Novo) negocia cargos com vereadores para formar base política em Taubaté

O novo prefeito de Taubaté, Sérgio Victor (Novo), ofereceu dois cargos comissionados na Prefeitura para os vereadores que aceitarem integrar a base aliada e ajudarem a aprovar projetos de interesse do governo, como a criação da taxa de lixo e a revisão da planta genérica, que resultaria em aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). A informação foi divulgada pelo repórter Julio Codazzi, do Jornal O Vale.

Atualmente, Sérgio governa com uma Câmara composta por 19 vereadores, dos quais apenas seis o apoiaram no segundo turno das eleições municipais contra Ortiz Júnior (PSDB). 

Essa articulação tem sido considerada estratégica para garantir maioria em votações cruciais, como as que ocorreram no encerramento do mandato do ex-prefeito José Saud (PP) e na eleição das comissões permanentes da Câmara, realizada na última quarta-feira, 1º de janeiro.

Disputa por remanejamento orçamentário

As negociações entre o prefeito e os vereadores começaram ainda em dezembro, quando um grupo de 12 parlamentares apresentou uma emenda ao orçamento municipal para reduzir a margem de remanejamento orçamentário de 20% para 6%. A medida, se aprovada, limitaria a flexibilidade financeira da administração em 2025.

Após reuniões com Sérgio Victor, a proposta perdeu apoio e foi retirada. O orçamento acabou aprovado com a margem de 20% mantida. Fontes ligadas à Câmara indicam que pelo menos três dos cinco vereadores que não foram reeleitos na última legislatura devem ser nomeados para cargos comissionados no novo governo.

Ofertas de cargos comissionados

De acordo com vereadores ouvidos pelo Jornal O Vale, Sérgio Victor teria oferecido dois cargos comissionados a cada parlamentar que retirasse o apoio à emenda de redução do remanejamento orçamentário. Os cargos, classificados como de segundo escalão, incluem funções administrativas de gestores, sendo que uma das vagas deve obrigatoriamente ser preenchida por servidores de carreira.

Ainda segundo os relatos, apenas um dos indicados assumiria o cargo em janeiro, enquanto o outro seria nomeado em julho, como parte de uma estratégia para reduzir custos no início do governo.

Apoio político 

Os vereadores relataram que os cargos comissionados propostos teriam perfil técnico e precisariam ser aprovados pelos secretários municipais, em troca de apoio político para pautas consideradas impopulares, como a criação da taxa de lixo e a atualização da planta genérica.

Um dos parlamentares criticou a prática, ressaltando que, durante a campanha eleitoral, Sérgio Victor prometeu não realizar negociações de cargos por apoio político. Outro vereador, no entanto, defendeu a iniciativa, desde que os indicados atendam a critérios técnicos.

As "pautas amargas" incluem projetos que o ex-prefeito José Saud também tentou implementar sem sucesso. A criação da taxa de lixo, por exemplo, foi proposta em 2021, mas retirada em 2024 por falta de consenso. Já a revisão da planta genérica, cuja última atualização ocorreu em 1997, foi arquivada após resistência na Câmara, devido à previsão de aumento médio de 92% no valor do IPTU.