
Solenidade celebrou Dia da Consciência Negra na Câmara Municipal
Professora e alunos da Escola Emílio Amadei Beringhs receberam moção de aplauso no Legislativo
Em 19/11/2016 18:57 por redação/ Guia Taubaté

A Câmara Municipal de Taubaté realizou nesta semana uma solenidade em comemoração ao Dia da Consciência Negra. O objetivo foi levar à reflexão sobre a realidade enfrentada pelos negros no Brasil e as ações que têm sido empenhadas para garantir igualdade e oportunidade.
A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil, de acordo com levantamento da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) realizada no Senado Federal. Publicado em 2014, o Mapa da Violência revela que o Brasil contabiliza cerca de 30 mil assassinatos de jovens, dos quais 77% das vítimas são negros.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 53,69% da população brasileira são negros, mas, apesar de serem a maioria, estão em apenas 12,4% da parcela mais rica da população.
Ações positivas remetem à coragem do líder quilombola Zumbi dos Palmares, que morreu em combate, defendendo seu povo e sua liberdade. São exemplos de grupos se organizando, movimentos negros surgindo e a instituição das cotas em universidades – que permitiu o ingresso de 150 mil jovens negros ao ensino superior.
É o exemplo da professora Ludmila Pena Fuzzi, premiada com seus alunos da Escola Emílio Amadei Beringhs pelo Instituto de Pesquisa Histórica e Ambiental Regional. Eles apresentaram os projetos “Biblioteca sustentável” e “Políticas públicas para o negro”, propostas que enaltecem a cultura, a vivência e o ser negro, despertando, especialmente entre as crianças, a consciência negra, a prática do desenvolvimento humano por meio do respeito, da coletividade e da liberdade. Tal reconhecimento rendeu à Ludmila e seus alunos moção de aplauso, oferecido pela Câmara durante a solenidade.
Homenagens
Indicados pelo Ceccab (Centro de Estudos Comunitário Cultural Afro-Brasileiro), José Roberto Lazarini e Cleonice Nascimento de Campos receberam diplomas do Legislativo pelas ações que desenvolveram em prol da cultura negra.
Conhecido como Mestre Lazarini, José Roberto começou a treinar capoeira em 1995, no grupo Negros de Sinhá. Em 2002, formou-se professor e, em 2003, com alguns alunos, criou o Centro Cultural N’Golo Brasil, com o objetivo de promover a cultura afro-brasileira por meio da capoeira, danças populares e música – divulgação feita, inclusive, durante a solenidade.
Secretário do Ceccab entre 2004 e 2005, Mestre Lazarini criticou a falta de apoio do poder público e destacou a iniciativa de grupos segmentados. “Preservar, difundir e propagar a cultura afro-brasileira é, para nós, do N’Godo Brasil, uma grande honra e nos aproxima de nossos antepassados, que muito contribuíram para a criação de uma cultura própria. Quero saudar e valorizar essas figuras anônimas que, em todo Brasil, mantêm viva a cultura popular.”
Em seguida, Cleonice Nascimento de Campos recebeu o reconhecimento pelos 80 anos de vida, marcados por desafios e superações. Ela viveu em orfanato até os oito anos, ficou viúva no primeiro casamento, mas, apesar das adversidades, criou seus filhos e construiu sua história, participando dos eventos do Ceccab desde a criação da entidade. Na tribuna da Câmara, fez um singelo agradecimento à homenagem.
Presidente do Ceccab, Zenaide Brito ressaltou o trabalho, o suor, a violência e as adversidades que o negro enfrenta, contrapondo algumas vitórias que, sem fundamento, são consideradas privilégios. “Todos querem nossos títulos e medalhas, mas ninguém quer nossas cicatrizes”, resumiu.
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