HISTÓRIA REVISADA Economia

Volkswagen assina acordo para indenizar vítimas da ditadura militar

Entre as decisões firmadas, está a doação de R$ 10,5 milhões para projetos de promoção da verdade em relação às violações do período


Em 23/09/2020 20:15 por redação/ Guia Taubaté


Volkswagen assina acordo para indenizar vítimas da ditadura militar
Estudo mostra que houve cooperação entre os agentes de segurança da empresa no Brasil e o antigo regime militar (FOTO: Volkswagen)

A Volkswagen do Brasil revisou sua história no país em um acordo firmado nesta quarta-feira (23), com o Ministério Público Federal em São Paulo, o MP do Estado de São Paulo e a Procuradoria do Trabalho em São Bernardo do Campo.

Essa revisão visa o período do regime da ditadura militar no Brasil (1964 – 1985), como afirma Hiltrud Werner, membro do Conselho de Administração da Volkswagen AG por Integridade e Assuntos Jurídicos. “Lamentamos as violações que ocorreram no passado. Estamos cientes de que é responsabilidade conjunta de todos os atores econômicos e da sociedade respeitar os direitos humanos e promover sua observância. Para a Volkswagen AG, é importante lidar com responsabilidade com esse capítulo negativo da história do Brasil e promover a transparência”.

Pelo acordo, a Volkswagen do Brasil se compromete a pagar R$ 9 milhões aos Fundos Federal e Estadual de Defesa e Reparação de Direitos Difusos (FDD).

Outra decisão tomada pela empresa foi doar R$ 10,5 milhões para projetos de promoção da memória e da verdade em relação às violações de direitos humanos ocorridas no Brasil durante a ditadura militar.

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) receberá R$ 4,5 milhões. Desse total, R$ 2,5 milhões serão destinados para o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) para apoiar a identificação das vítimas que estão enterradas em valas comuns. Os outros R$ 2 milhões serão direcionados ao desenvolvimento de novas pesquisas para apurar a cumplicidade de empresas em violações de direitos humanos durante o governo militar.

O Memorial da Luta pela Justiça, iniciativa promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB / SP) e pelo Centro de Preservação da Memória Política (NPMP), receberá R$ 6 milhões. Este memorial está sendo implantado na antiga sede da Auditoria Militar de São Paulo e tem como objetivo promover a memória da defesa da justiça em suas múltiplas dimensões. O valor será utilizado para a conclusão da implantação do Memorial.

A empresa ainda vai doar R$ 16,8 milhões à Associação dos Trabalhadores da Volkswagen - Associação Henrich Plagge. A maior parte dessa verba será destinada a ex-trabalhadores da Volkswagen do Brasil - ou seus sucessores legais - que manifestaram terem sofrido violações de direitos humanos durante a ditadura.

Um estudo científico encomendado pela multinacional e realizado pelo historiador alemão Christopher Kopper, da Universidade de Bielefeld, em 2016, mostra que houve cooperação entre os agentes de segurança da empresa no Brasil e o antigo regime militar, mas sem encontrar evidências de que essa ajuda foi institucionalizada na montadora. Já sindicalistas e ex-funcionários afirmam que a VW forneceu aos órgãos policiais informações sobre os funcionários e permitiu prisões sem ordem judicial e tortura policial.

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