Professora de Medicina esclarece dúvidas sobre vacinação e sarampo

A cidade de Taubaté voltou a atenção no último mês para os cuidados em relação ao sarampo. Isso porque um surto da doença infecciosa no estado de São Paulo chegou até o município, com o primeiro caso sendo confirmado após mais de 20 anos.

Para saber mais sobre a imunização contra a doença, conversamos com a médica e professora da Universidade de Taubaté, Stella Zollner. Ela explicou quando e quem deve tomar a vacina.

“A vacina de sarampo é aplicada a partir de um ano de idade por questão de o indivíduo responder bem a vacina a partir desta idade. De um ano a 29 anos são necessárias duas doses válidas da vacina tríplice viral. O que é uma dose válida? É aplicada após um ano de vida, com o intervalo mínimo de 30 dias, com o reforço. Duas doses válidas entre um e 29 anos. De 30 anos a 59 anos, uma dose válida aplicada a partir de um ano de idade. Maiores de 60 tiveram contato com o vírus selvagem, que circulava amplamente no nosso país, ou tiveram a doença e são imunes por conta de terem tido a doença. É o meu caso, eu não preciso ser vacinada”, destacou a especialista. 

A doutora também elencou as diferenças entre a vacinação de bloqueio e a vacinação de rotina.

“Vacinação de rotina você faz a vacina antes que tenha ocorrido um caso. Levo o meu bebê recém-nascido e faço todo aquele protocolo. Vacinação de bloqueio: existiu o caso de sarampo, ou um caso de rubéola em uma escola. Então a equipe de vigilância vai até a escola e faz a aplicação de vacina em todas as pessoas suscetíveis, que são pessoas que podem vir a adquiri a doença e não estão protegidas”, explicou.

Em busca da vacina contra sarampo na UBS Mais Independência, a estudante de medicina Jamile Floris destacou a importância das campanhas de imunização às doenças.

“Eu acho muito importante, porque acaba conscientizando um pouco as pessoas da necessidade de tomar a vacina”, destacou a estudante de Medicina.

Além do único caso confirmado de sarampo, Taubaté tem outros 16 casos sob investigação. Segundo especialistas, os sintomas são: febre alta, conjuntivite e manchas vermelhas no corpo.

Em meio aos casos envolvendo o sarampo, boatos e perfis em redes sociais espalham mentiras sobre a imunização, contribuindo para o avanço da doença.

A médica Stella Zollner considera como grave esse movimento que levanta crenças e modismos a respeito das vacinas.

“Quando a gente [vacinadores, enfermeiros, médicos, profissionais que estudaram] fala de vacina, estamos nos baseando em estudos muito sérios. Estamos nos baseando em experiências do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil, que é um grande programa. As pessoas falam de maneira vã, criam crendices errôneas e acabam induzindo alguém mais frágil, mais delicado, que vai com as outras opiniões para deixar de vacinar e isso é muito grave” alertou a doutora Stella.

Professora de Brusque, Santa Catarina, Raquel Pedroso não vê com bons olhos o aumento de fake news a respeito das imunizações. “Isso é uma questão de desserviço à saúde pública. É importante que a gente desmistifique isso, porque não tem nada a ver. É claro que pode ter alguma reação, mas é uma coisa muito rara e isso vai ser orientado pelo médico direitinho. A gente também têm que confiar nos profissionais de saúde” afirmou.

Para esclarecer pontos que vêm sendo colocados em questionamento, levantamos algumas dúvidas para serem respondidas pela doutora Stella Zollner. Confira como ficou:

Relação entre vacina e autismo
Stella Zollner: “Vacina não dá autismo. Existe um estudo na Inglaterra falando nessa direção faz algumas décadas. Esse estudo é viciado, mentiroso. A pessoa que o realizou fez uma coisa muito errada, perdeu seu registro profissional em razão disso. Vacina não dá autismo.

Vacina causa reações?
Stella Zollner: “Existem algumas reações menores, como dor no local de aplicação, um inchadinho no local de aplicação, uma pequena febre. Muito melhor do que ter meningite, muito melhor do que ter sarampo e morrer”.

Qual o risco das vacinas para as gestantes?
Stella Zollner: “Existem vacinas e vacinas. As vacinas de produto, de hepatite b, a vacina antitetânica, a vacina de gripe, não tem problema a gestante tomar. O que a gestante não deve tomar é a vacina de vírus vivo, a vacina de febre amarela, por exemplo”.

Vacina é somente para crianças?
Stella Zollner: “Todas as pessoas têm vacinas indicadas. As crianças têm aquele protocolo de várias vacinas no primeiro ano de vida, para dar aquela força inicial. Porém, vamos lembrar alguns outros exemplos: a vacina de HPV para os adolescentes, de meningite para os adolescentes, para o idoso a vacina de gripe, a vacina contra pneumonia, todas as idades e lembrar da vacina antitetânica reforçada de 10 em 10 anos para o adulto”.

Confira abaixo as informações sobre os casos sob investigação em Taubaté:

1 - 28/07/2019 - 1 ano – sexo masculino - Areão
2 - 28/07/2019 - 9 meses - sexo masculino - Mourisco
3 - 26/07/2019 - 4 meses – sexo feminino - San marino
4 - 26/07/2019 - 1 ano - sexo masculino - Vila Aparecida
5 - 26/07/2019 - 45 anos - sexo masculino - Jd das Nações
6 - 25/07/2019 - 2 anos - sexo feminino - Barreiro
7 - 24/07/2019 - 7 meses - sexo feminino - Vila São José
8 - 24/07/2019 - 5 anos - sexo feminino - Novo Horizonte
9 - 20/07/2019 - 2 anos - sexo masculino - Centro
10 - 15/07/2019 - 3 anos - sexo feminino - Chácara Reunidas Brasil
11 - 14/07/2019 - 28 anos -sexo masculino - Vila Marli
12 - 12/07/2019 - 18 anos - sexo masculino - Piracangaguá
13 - 12/07/2019 - 44 anos - sexo feminino F - Res. Portal Mantiqueira
14 - 12/07/2019 - 48 anos - sexo masculino - Continental II
15 - 11/07/2019 - 24 anos - sexo feminino - Jd Califórnia
16 - 03/07/2019 - 6 meses. - sexo masculino - São Gonçalo